Este recadinho estreia a curtadoria, uma curadoria curta para eu não deixar de falar com você todo mês se não escrever nada digno da sua atenção — e para não me estender desnecessariamente, afinal, é agosto e eu estou de férias.
Projeto Querino
Aproveite que estamos a caminho das eleições e próximos do ducentésimo aniversário da independência para conhecer o projeto Querino, fruto de um trabalho histórico-jornalístico meticuloso e impecável de Tiago Rogero e uma equipe brilhante.
A proposta pretende “rever a história do país sob uma ótica afrocentrada”, mostrando que o Brasil nasceu da escravidão e “continua orbitando em torno da lógica que a sustentou. Praticamente toda a riqueza material e imaterial do país deve muito à exploração da força, do conhecimento e da sensibilidade de indígenas e negros”1.
O projeto tem como norte uma frase de Januário Garcia, fotógrafo e ativista que nos deixou em 2021:
Existe uma história do negro sem o Brasil. O que não existe é uma história do Brasil sem o negro.
Já ouvi todos os episódios. É para se indignar. É para cutucar nossas “verdades absolutas” sobre o que é o país e o que é ser brasileiro. É para olhar nosso reflexo no espelho e encarar o horror que somos, mas também vislumbrar a esperança potente que podemos ser se, e apenas se, reconhecermos a nossa história e adotarmos uma atitude efetivamente reparadora dessa merda quincentenária. E isso envolve se incomodar, tá? Ou melhor: desacomodar.
Ouça os oito episódios no seu agregador de podcast favorito, consulte o site do projeto e espalhe para mais pessoas ouvirem e conhecerem a história que a História não conta — e que explica muito o que é o Brasil hoje.
Literatura Retirante - LiteraturaBR
Faz sentido falar em “regionalismo literário” hoje? O episódio “Literatura Retirante” do podcast LiteraturaBR traz as autoras Dia Nobre e Jarid Arraes para uma conversa cirúrgica sobre o tema, no qual desfiam os estigmas da literatura nordestina contemporânea. Recomendo fortemente a escuta para quem é sudestino como eu e que pensa e pratica a escrita como um ato político.
Fico por aqui. Não disse que ia ser vapt-vupt?
Tiago Rogero em entrevista para a Revista Piauí.
Foto de capa do recadinho: Nathan Dumlao | Unsplash